Por David Gardiner e Grant Mizel
Data Original de publicação: maio/junho de 2021, Revista Claims
Embora as seguradoras, corretores, agentes administrativos e todos os outros que desempenham um papel em seguros tenham diferentes funções e objetivos, o impulso para um mundo conectado digitalmente levou a um foco comum em tecnologia para todo o setor. A categoria resultante, chamada InsurTech, mudou irrevogavelmente a forma como o setor opera, especialmente no mundo dos seguros.
Não é necessário ir além do Lloyd’s de Londres para obter evidências deste fato. Outrora um auge da tradição, o Lloyd’s é agora um player central na transição do seguro analógico para o digital, documentado por seu “blueprint para o futuro”. O Sino Lutine não vai a lugar algum tão cedo, mas a atmosfera dentro e ao redor do prédio mudou para sempre. Ao tornar as operações do dia-a-dia mais eficientes, melhorar as decisões de subscrição e sinistros e digitalizar a experiência do cliente, a tecnologia promete fornecer um caminho para a disrupção e transformação nessas áreas críticas.
No mundo do gerenciamento de sinistros, os envolvidos no processo estão recorrendo às soluções de InsurTech para fornecer serviços superiores em regulação de perdas e gerenciamento de sinistros. “O momento em que um cliente está pedindo uma indenização é quando estamos sendo chamados para cumprir uma promessa, e é nossa responsabilidade descobrir como oferecer tanto o serviço pessoal como a experiência digital corretamente”, diz Matthew Witcher, vice-presidente adjunto de sinistros patrimoniais da Chubb. Voltamos nosso foco para a aplicação da InsurTech e consideramos como a tecnologia pode ser aplicada estrategicamente para o sucesso a longo prazo.
APLICAÇÕES ESTRATÉGICAS PARA INSURTECH NO GERENCIAMENTO DE SINISTROS
O processo de gestão de sinistros é onde uma apólice de seguro – e, em última instância, a seguradora – tem a oportunidade de demonstrar valor e cumprir sua promessa aos clientes. Com acesso a uma infinidade de seguradoras na ponta dos dedos através de marketplaces digitais e extensas redes de corretores, os clientes têm mais opções agora do que nunca. As seguradoras mais bem sucedidas impulsionarão a retenção de clientes, focando-se no tratamento de sinistros mais rápido, melhor e mais barato do que sua concorrência.
Falando sobre o uso da tecnologia da Chubb, Witcher explica: “A tecnologia está melhorando a experiência sobre sinistros do cliente e equipando nossos reguladores com as ferramentas certas para, em última análise, proporcionar uma melhor experiência para nossos clientes. É um equilíbrio e uma questão de obter o serviço pessoal e a experiência digital corretamente. Nossos clientes se adaptaram ao uso da tecnologia ao nosso lado, à medida que aumentamos nosso uso da tecnologia para ajudar a resolver seus pedidos de indenização de forma eficiente.” Aqui estão algumas das maneiras pelas quais os produtos e serviços da InsurTech estão sendo implementados para revolucionar os processos de sinistros:
MAIS RÁPIDO: ACELERE O TEMPO PARA RESOLVER SINISTROS
O setor está recorrendo à InsurTech para automatizar cálculos e usar a tecnologia para complementar o trabalho dos profissionais de sinistros voltados para o cliente. Também estamos vendo avanços em novos produtos de seguros que podem ser impulsionados quase que exclusivamente por IA.
O Seguro Paramétrico
A maneira mais fácil de acelerar o processo de sinistros é simplificá-lo ao seu núcleo, utilizando um sistema de pagamento automático. Entre no seguro paramétrico. Através de um evento pre-definido, o segurado de um produto de seguro paramétrico recebe automaticamente uma indenização pré-definida. Dessa forma, as seguradoras obtêm o dinheiro lá fora mais rapidamente e eficientemente, o que deixa os clientes felizes. Este é um retorno significativo ao velho ditado que “As indenizações são a vitrine dos seguros”.
Houve uma rápida expansão nos últimos três a cinco anos no número de produtos paramétricos que agora estão disponíveis no mercado, protegendo pessoas e empresas de uma ampla gama de perigos, como inundações e terremotos, para ataques cibernéticos e multas regulatórias.
Como sempre, existem aspectos legais para uma seguradora quando se trata de desenvolver produtos paramétricos. Stephen Carter, sócio da Carter Perry Bailey LLP, de Londres, observa: “É preciso olhar para o regime regulatório e a legislação de seguros da jurisdição em questão para garantir que esse tipo de seguro esteja em conformidade. A essência do produto é que o cálculo da perda passe para a fase anterior de elaboração dos termos da política. É preciso obter os termos para corresponder ao cálculo particular que você usa (que, por sua vez, terão sido baseados nos inputs estatísticos e atuariais); é a estrutura da apólice que é essencial”, explica.
Considere como uma seca impacta um agricultor. Uma vez em vigor, um pagamento de seguro paramétrico seria desencadeado pela falta de chuvas, medido de forma específica, e não exigiria que o segurado provasse que perdeu um valor específico. Em vez disso, o agricultor seria pago rapidamente porque o cálculo já teria determinado o valor a receber por direito. “Os subscritores precisam ter certeza de que estão focando nos dados certos para produzir um pagamento realista, porque não se trata de regular a perda, trata-se de clareza da estrutura e dos termos da apólice. Os elementos críticos da regulação da perda ocorrem antes dela ocorrer”, diz Carter.
MELHOR: TOMADA DE DECISÃO APRIMORADA
As soluções insurTech estão ajudando a informar o processo de subscrição, combinando o julgamento humano com análises baseadas em dados para impactar as decisões estratégicas antes que ocorra uma perda. As seguradoras são mais capazes de prever quais sinistros provavelmente resultarão em litígios para resolvê-los mais cedo e a custos mais baixos.
Big data
O setor de seguros é, atualmente, uma das indústrias mais ricas em dados do mundo, dada a extensa quantidade de informações necessárias para subscrever apólices e pagar sinistros. O desafio para o setor sempre foi a captura, armazenamento e modelagem desses dados.
À medida que cada vez mais as seguradoras se afastam de aplicativos e processos analógicos baseados em papel perante às plataformas digitais, elas têm sido capazes de capturar e armazenar essas informações em bancos de dados, data warehouses e data lakes que levam a uma melhor tomada de decisão sobre sinistros de várias maneiras, dos insights digitais aos preditivos.
Insights preditivos de sinistros
Uma vez que os dados foram capturados e armazenados, como as seguradoras são capazes de aproveitá-los para melhorar o processo de sinistros? Os dados podem ser alimentados em modelos de machine e deep learning para analisar tendências e anomalias e desenvolver insights. Esses insights podem então ser usados para impactar diretamente no tempo de resolução dos sinistros.
Considere isso: Se um regulador de sinistros soubesse que um sinistro teria 92% de probabilidade de ser levado a litígio, baseado em dados geográficos, circunstanciais e históricos de um segurado, então ele estaria mais apto a resolver um pedido de indenização logo no início e evitar um processo mais caro e minucioso posteriormente. O setor ainda está em sua infância da utilização de insights preditivos de sinistros, mas nada disso seria possível sem os dados subjacentes que sustentam esses modelos.
“Dependendo do tipo de sinistro, fornecemos aos nossos clientes várias opções, incluindo processos virtuais de gestão quando apropriado. Isso permite que nossa equipe de sinistros sirva nossos clientes à sua escolha, garantindo, em última análise, um serviço rápido e seguro, especialmente nos dias de hoje”, diz Witcher.
MAIS BARATO: AUTOMATIZAR TAREFAS ROTINEIRAS E FACILITAR O TRABALHO REMOTO
O setor de seguros está encontrando maneiras de eliminar custos desnecessários através de soluções InsurTech que ajudam a automatizar o trabalho rotineiro e manter as pessoas focadas em tarefas, cálculos e serviços de maior valor.
Sistemas Aéreos Não Tripulados (UAS) e Imagens por Satélite
Muitas vezes, ao lidar com catástrofes e danos extensos, a coleta de dados pode não ser tão simples quanto digitar números em uma plataforma a ser armazenada em um banco de dados. Avanços na tecnologia UAS (também conhecidos como drones) e imagens de satélite mudaram o jogo na coleta remota de dados. Não só essas ferramentas são capazes de coletar informações que uma pessoa ou grupo de pessoas nunca poderia capturar eficientemente, como também eles podem fazê-lo a uma fração do custo.
Em vez de implantar um exército de reguladores para inspecionar milhares de propriedades danificadas após um grande furacão, as companhias de seguros agora têm a opção de capturar imagens de satélite e implantar uma frota de UAS, controlada por pilotos licenciados, para cobrir qualquer região geográfica e adquirir imagens e vídeos ao vivo para avaliar os danos.
Witcher explica: “A Chubb tem a capacidade de usar a tecnologia de imagens para avaliar danos materiais, bem como imagens térmicas e não térmicas de satélite durante catástrofes generalizadas. O uso de imagens aéreas é uma ferramenta muito poderosa que nos permitiu priorizar a resposta sobre indenizações aos mais impactados significativamente.”
Realidade Aumentada (RA)
Uma inovação que acaba de ser introduzida recentemente no setor de seguros é a realidade aumentada. Atualmente está sendo usada pela Adjusteck para fornecer regulação remota de sinistros, permitindo que um regulador experiente use um smartphone ou um equipamento vestível (wearable) por exemplo, um par de óculos de realidade aumentada (RA), para examinar um local de perda e avaliar os danos.
A RA permite que os usuários se comuniquem e gravem áudio, vídeo ou imagens ao vivo, a partir do conforto de suas casas ou escritórios. Uma vez concluída a avaliação, todos os arquivos são armazenados automaticamente na nuvem para serem revisados posteriormente e integrados diretamente ao relatório do regulador. Essa tecnologia fornece a capacidade de regular perdas ao redor do mundo sem ter que viajar para qualquer lugar.
As empresas InsurTech em todo o mundo fizeram progressos nos últimos cinco anos para trazer uma revolução para um setor que estava (e ainda está) faminto por inovação, mas que ainda está no início de uma árdua jornada que é a transformação digital. A concorrência gera inovação, mas a execução é fundamentada em colaboração. À medida que a indústria de seguros continua no caminho da transformação digital, é importante lembrar que, quando empresas e tecnologias de todo o mundo se unem, elas levam a um ecossistema de seguros que está pronto para atender proativa e reativamente seus clientes, quando mais precisarem.
Reimpresso com permissão da edição de maio/junho de 2021 da Revista Claims. © Outra duplicação sem permissão é proibida. Todos os direitos reservados.